“Call me by your name” eu compreendi como um poema acerca do amor livre, numa perspectiva universal, e há um certo ineditismo de ser experimentado a partir de um casal “homonormativo”.
É um filme com um ritmo singular, uma coreografia suave de imagens, atuações impecáveis de todos os atores, o que não é tão comum no cinema de “top models” hoje em dia, e um levíssimo plot twist, que talvez nem possa ser classificado como tal, mas que mesmo assim rouba a cena na majestosa atuação de Michael Stuhlbarg (talvez já repetida desse ator, nos trejeitos, mas que deu muito certo ali).
O diretor Luca Guadagnino me pareceu que conseguiu dar uma identidade geral ao filme de forma muito própria, porque o filme soa americano e italiano ao mesmo tempo no estilo. Tive a impressão de que é um tapa de luvas na homofobia, essa violência que se reinventou em nossos dias ao sair do armário e adquirir visibilidade notadamente na sociabilidade virtual. Talvez a única coisa clichê seja o universo pequeno-burguês e o romance “em si”, digamos assim, mas compensada pelo casal homossexual, o que não é exatamente uma situação nem de longe tão saturada quanto o heterossexual.
É difícil identificar o conflito do enredo rapidamente e isso não deixa de ser um mérito da obra, ao menos não “superficializa” tanto os personagens. Filme mais bonito que vi da lista de indicados ao Oscar de melhor filme em 2018. Recomendo vivamente.
Nota: 9,0