“I, Tonya” (EUA, 2017) é o típico filme biográfico de herói americano: uma espécie de ponto de vista retrospectivo-resignado, e uma voz off narrando os atos. Mas esses dois detalhes convencionais não diminuem e nem tem como esconder o que salva a obra: a atuação de Margot Robbie! Tá realmente um negócio de doido.
A tradição mimética americana (imitar personagens) é chata, é clichê (vide as trocentas indicações de Meryl Streap e o próprio James Franco que não vale 0,02 cents pela previsível e caricatural interpretação em O Artista do Desastre) mas nesse caso eu comprei a ideia de que a atriz criou uma persona e meteu o foda-se no compromisso com a verossimilhança. Digo isso porque noto diferenças, por exemplo, no porte físico entre a atriz e a patinadora real. Enfim, relevem a minha deselegância e aproveitem essa persona magistralmente criada. Vale a pena pelo show de dramaturgia.
A história em si também é válida e inclusive um alerta muito sutil acerca do machismo e das conclusões jurídico-midiáticas estúpidas que, não raras vezes, a exemplo do Brasil de hoje, são produzidas de forma superficial e abusivas. De certa forma é a história de uma anti-heroína da vida real e daquela tentativa da sociedade americana de criar e ser representada por modelos femininos como princesas, modelo esse que a Tonya Harding certamente não obedecia.
Nota do filme: 8,5/10
Nota de Margot Robbie: 10/10.