Fui ver a série Jack Ryan, lançada na Amazon Prime, com uma boa expectativa criada pelo texto do Sadovski, crítico de cinema do UOL, mas, até onde alcancei (3 eps) foi uma decepção: pastiche de 24h com Homeland, as mesmas doses de ideologia pró-americana, conflitos e personagens rapidamente “desenvolvidos” e uma dinâmica clichê na edição e filmografia.
O texto de Sadovski relativamente empolgado, mas muito elogioso à série, está nesse link:
Jack Ryan é o melhor filme de ação que você não vai assistir no cinema
Até o momento assisti apenas 3 episódios e, inegavelmente, a série é hollywoodianamente hipnótica. Talvez prenda a atenção porque o ápice de saturação de 24Horas já tenha passado, embora Homeland ainda esteja aí na mesma toada.
Um aspecto que me faz escrever aqui é porque discordo, em parte, do texto acima citado. Chamou-me a atenção o fato de o autor não perceber o caráter ideológico da série. Sadovski afirma que o clima guerra fria foi deixado para trás. Faz sentido, mas a propaganda não foi superada. O episódio 3 é particularmente emblemático nesse sentido: num enredo mirabolante o piloto de drone, um tele-assassino, acaba por evitar um estupro. E faz isso desobedecendo ordens superiores. Termina o episódio e a eventual dor na consciência por essa ação tão fria é substituída pela sensação de dever cumprido. Quer eficácia maior para justificar a tele-opressão tecnológica?
Um aspecto promissor na série é a relação entre os personagens Ryan, interpretado por John Krasinski (Um Lugar Silencioso, The Office), e seu chefe imediato James Greer feito pelo ator Wendell Pierce (The Wire). Infelizmente, porém, ela é rapidamente diluída em função do plot clichê de ação.
O núcleo muçulmano também nos é apresentado com os típicos clichês funcionais: vai da idílica relação com as crianças até o terrorista crápula. Nada de novo aí. Enfim, é uma série para quem gosta do gênero.
Nota: 6,0
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