Por Roberto Blatt

 

 

O filme vencedor do Festival de Cannes de 2018 é o japonês “Shoplifters (Japão, 2018) do cineasta Hirokazu Kore-eda. O filme, segundo a Wikipedia, conta a história de uma menina orfã que é adotada por uma família de ladrões. Curioso pensar numa família japonesa pobre, que vive à margem da assistência social (expressão que gera calafrios nos neoliberais). É uma situação no mínimo atípica para o estereótipo de segurança que o Japão transmite, embora, suponho eu, a favela japonesa não seja exatamente a nossa. É o caso de ver. Não sei quando verei.

 

O site cineweb tem mais detalhes http://www.cineweb.com.br/festivais/festival.php?id_festival=61

 

 

 

Outro filme que fiquei curiosíssimo para ver foi o aclamado BlacKkKlansman de Spike Lee (EUA, 2018), que conta a história de um policial negro que infiltrou-se na seita racista Ku Klux Klan em 1978, desbaratando uma série de crimes de ódio. Não parece extremamente intrigante, vindo de um cineasta tão descolado? Pois é, estou hiper a fim de ver esse filme. Mas não rola. Veja a foto abaixo e calcule, só pelo elenco.

 

Adam Driver stars as Flip Zimmerman and John David Washington as Ron Stallworth in Spike Lee’s BlacKkKLansman, Credit: David Lee / Focus Features

 

Tem um review interessante nesse link:

http://collider.com/blackkklansman-review/

 

 

 

Por último, há um filme russo, chamado Leto ou Verão (Rússia, 2018) do diretor  Kirill Serebrennikov, um relato biográfico do cantor de rock russo (veja que coisa, tinha rock na Rússia) Viktor Tsoi. O filme é um retrato da chegada e da recepção ao rock underground na cidade de Leningrado, hoje São Petesburgo, no início dos anos 80. A parte qualquer resquício de disputa ideológica (sou comunista de iPhone mesmo, apesar de ser um 4s véio) me interessou muito esse filme. E acho que Putin é idiota de prender e impedir o diretor de viajar, isso é indefensável.

 

 

Nesse link você encontra alguns detalhes. Filtre ideologicamente.
https://variety.com/2018/film/global/charades-boards-kirill-serebrennikovs-rock-filled-drama-leto-1202685415/

 

 

 

 

Tá aí.  Eu, tal qual uma criança mimada de 40 anos, acho que tenho direito de ver esses filmes hoje, agora. #Quero #preciso. Acho que deveriam estar disponíveis imediatamente, a um clique de distância e de preferência que meu cartão de crédito funcionasse. Mas a vida não é assim. Terei de esperar, sabe-se lá quanto tempo.

 

Link com todos os vencedores:
https://www.festival-cannes.com/en/infos-communiques/communique/articles/71st-festival-de-cannes-awards

 

 

Quando pequeno minha vó tinha uma TV preto e branco, mas eu só podia assistir alguns filmes e ao programa dos Trapalhões no domingo a noite. Lá de vez em quando eu burlava a “segurança econômica” para assistir alguma coisinha da sessão da tarde. Era sempre audiovisual de menos. Depois minha tia Irma comprou uma colorida, e eu passava muitas horas do dia na casa dela, um inconveniente e silencioso visitante. Algum tempo passou e tentei frequentar a sala de uma vizinha ao lado da minha casa, a Dona Ana, mas era o mesmo problema: o que esse moleque faz aí na sala sozinho? Foram ao menos uns 4 anos assim até que meu pai comprou um aparelho antigo, usado, que quebrava o galho. Pois bem, nesse aparelho preto e branco, com imagem chuviscada, eu assisti alguns filmes e aguardava outras continuações …

 

 

 

 

 

Vocês conhecem aquele item que indica tempo restante para baixar o arquivo dos aplicativos baixadores de torrent? Então, considero que nos anos 80 o tempo estimado de espera era de 5, 6, até 10 anos para o “download” de um filme na TV aberta. Alguns casos talvez menos. Mas pense no filme vencedor do Oscar de 76, Rocky, o Lutador. Eu vi esse maluco do meio pro final da década de 80. Não tinha nascido quando ele foi lançado, mas mesmo que tivesse não teria dinheiro para ir ao cinema.

 

 

Alguns anos mais tarde abriram as primeiras locadoras de VHS, na minha cidade natal, Santa Helena, no extremo oeste do Paraná, e eu lembro que minha memória da percepção interna do tempo (olha que bela expressão husserliana) era de uns 3 anos para ver um lançamento. Dependendo do caso eram 4 anos e isso, obviamente usando aparelhos nas casas dos amigos. Passam-se mais alguns tempos e surge o DVD; a sensação era de que um filme demoraria uns 2 anos para ser visto – diminuiu, portanto – mas isso sem contar o tempo de barateamento do aparelho para que minha humilde família de classe D tivesse condições de comprar um. Eu saí da minha casa para estudar aos 14 anos e ainda não tinha.

 

 

 

 

Ok, os tempos mudam. Beleza. A internet banda larga de início era uma mera promessa, mas com o avanço as coisas melhoraram. A espera em DVD caiu para um ano, no máximo. O download pirata, um crime cultural sem peso na consciência, ajudou em muitos casos. Passei a ver os premiados do Oscar quase em tempo real no cinema ou em DVD´s em que orgulhosamente sacrificava meus parcos recursos. E, finalmente, em 2010, eu assisti um vencedor de Cannes de 2010, ou seja, pouco mais de 6 meses depois da premiação. Foi um record. Minha meta é, em 2018 assistir o vencedor do Festival Olhar de Cinema “ao vivo” e em 2019 ter acesso aos destaques de Sundance em tempo hábil.

 

 

NO FUTURO espero que todos os festivais importantes transmitam seus conteúdos em streaming em tempo real e eu possa assistir junto com os caras que entram no Palácio dos Festivais pelo tapete vermelho.

 

 

 

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Sobre o Autor

Não sou cineasta, mas gosto de criticar o trabalho dos outros rsrsrs

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