A Forma da Água – Eu não gostei desse filme, não gostei nada, mesmo assim ele tem seus méritos e deve ser conhecido como ícone de cultura pop e até mesmo como um gostoso passatempo. Os defeitos que me incomodam são, basicamente, a previsibilidade do romance e do desenrolar da história que em nada surpreende e a excessiva estigmatização dos personagens. Dada essa limitação de enredo, digamos assim, o filme é obrigado a ser “perfeitinho” em outros aspectos “técnicos” como maquiagem, efeitos, direção de arte. Vigora um narcisismo hipster retrô na cultura contemporânea, e a maneira como Del Toro filma os fetiches da época não escapa dessa tendência, vide o carro do personagem de Shannon (que está excelente, embora não muito diferente do que geralmente faz), o televisor do vizinho, etc. Além disso, ele força a barra nos estigmas para, supostamente, falar dos excluídos, dos diferentes. Claro que a contribuição do filme para o respeito à diversidade é bem-vinda, sempre. Faço parte dos desviantes, portanto, aprecio muito essa contribuição. O problema é que ele soa um pouco como aquela série Sense8 que tambem exagera nos tons ao tratar de diferentes e acaba por tornar-se superficial. São muito diferentes, obviamente, a série e o filme, e talvez não tenham nenhum ponto estético comum, a não ser a fantasia, mas eu vejo proximidade na tática, na tentativa de falar dos estigmatizados exagerando situações heróicas.
As coisas bonitas do filme residem em dois pontos: essa metáfora ou alegoria (ainda que mau feita ou clichê) do amor entre diferentes e o olhar da atriz Sally Hawkins, que está realmente magistral.
Nota: 8,5
Aqui nessa matéria o Del Toro defende seu filme.
https://www.uol/entretenimento/especiais/a-forma-da-agua.htm#sem-medo-do-escuro