Comecei a assistir “Vice” (EUA, 2018) e me chamou a atenção a “renovada” capacidade hollywoodiana de transformar personagens malignos do história (falo sem maniqueísmo que Dick Cheney foi um dos crápulas sociais do século XXI até agora) em entretenimento.
O filme é dirigido por Adam McKey, que recebeu um Oscar absurdo desmerecido por “A Grande Aposta” (2015), filme onde eventos socialmente canalhas também são retratados de forma quase asséptica, e no máximo com alguma sutileza crítica ao capitalismo de estelionatos que vigora no comando financeiro do mundo. É muito adjetivo para uma unica pouca frase, eu sei.
Estou vendo o filme em pedaços. Assisti uns 40 min e dormi. Estava cansado, mas não do filme porque ele possui a típica dinâmica atrativa, e realmente tem potencial de hit. Porém, me incomoda muito essa estilização, essa glamourização da pilantragem. Quem é Cheney na vida real?
Um magnata da indústria bélica e um cientista do lobbismo profissional que os EUA exportam para outras sociedades. Só isso já diz muito acerca da violência em MASSA da qual ele participa friamente, como quem joga xadrez de drones com napalm no resto do mundo. Outra vez minha retórica barata, mas foda-se, a mensagem é essa mesmo.
A atuação do ator Christian Bale está dentro dos padrões miméticos típicos: com aquela maquiagem qualquer um faz melhor. Mas o marketing emburrecedor pode levá-lo a ganhar o Oscar. Tom Lisboa escreveu um excelente texto sobre esse padrão de interpretação que chamo de macaquice e que é arte burra, para emburrecer.
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Quando podemos vê-lo por debaixo da máscara, notamos as velhas expressões, carismáticas, é verdade, mas quase clichês do ator. Talvez ele mereça o Oscar pelo conjunto da sua obra. O elenco inteiro é aquela cooperativa de estrelas (coperstars): Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill e Jesse Plemons. Todos muito legais, um time entrosado.
Tenho estranhado e achado ruim as edições dos filmes ultimamente: cortes bruscos e repentinos que não se explicam, mas se impõem imageticamente. Pode ser que minha cópia esteja ruim, não sei. Estou curioso para terminar de ver, o que é sintoma de sucesso do filme como armadilha imagética. Terminarei e volto aqui. Como diz o Thiago Bellotti, por enquanto é isso pessoal, abraço.
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