Assisti OS MENINOS LOBO, do documentarista brasileiro Otávio Almeida no Festival Olhar de Cinema de 2020. Um curta documental, mas confesso que a definição me parece insuficiente. Não é um filme experimental, mas também não é um registro que se pretenda explícito. Documentário de encenação, talvez seja essa uma categoria apropriada, com o perdão do neologismo amador. 

 

O filme nos mostra dois garotos encenando o que supomos ser memórias do pai que lutou a Revolução Cubana e a guerra em Angola. A História é um caleidoscópio, e é também uma disputa. O filme de Otávio parece ser uma peça humilde desse imenso quebra-cabeças, ao mesmo tempo em que mantém a cabeça erguida, mantém a coragem de Cuba.

 

 

A história contada pelo pai aos meninos não aparece, ela se esconde nas penumbras da memória da oralidade; ainda assim essa, que parece ser a única fonte de narrativas, precária e fugidia, para esses meninos, é repleta do heroísmo e drama que tanto fascina a infância e a juventude.

 

É um lindo filme, fotografia poética; discursivamente, um movimento retórico que potencializa o passado. Com essa pequena peça do quadro histórico temos a impressão de sermos capazes de evocar, talvez iconicamente, toda a paisagem da Revolução e o valor museológico que a sustenta; e estou falando literalmente, pois Cuba foi condenada a viver numa espécie de limbo tecnológico dos anos 50. Seu “capital”, no entanto é justamente esse: o histórico. 



Sobre o Autor

Não sou cineasta, mas gosto de criticar o trabalho dos outros rsrsrs

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